piauí sul experiências

ao poeta Rubervam Du Nascimento


Quando escrevo cerrado digo metafórica camada regional
com salgadas imagens carregadas enferrujados
materiais retorcidos sob nuvens de contorno grave
assombros vaporosos que invadem terreiros
percorrem hectares de grãos
desaparecem desapercebidos montados numa égua cega no cio
o destino sempre paralém

Quando escrevo cerrado lembro mangas verdes o cheiro de sal
insinuações crepusculares entre os ásperos caibros com felpas
transfiguras no teatro de paredes amarelas e cerâmicas antigas
sombraspectos sensibilizados pelo meu ser moreno
sépias da infância souvenir’s do fundo do rio

Quando escrevo cerrado leio velhos encostados na antiga parede da casa dos temperos
sabores moídos condimentos ingredientes da tarde mistério
quando fumo e cachaça são tragadas com suor
quando a agitação das folhas mortas secas saudades de casa
quando laranjas no átrio despencam sorridentes
sobrados sem brilho falso

Quando escrevo cerrado vejo insetos de areia duros no quarto dos aracnídeos abandonados
bulbasauro um sapo que alimento ancião designado para fechar o dia
amortecer desejos dos corpos inclinados na rede
reacender vaga-lumes
incitar ninfas no terreno vadio



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